Anualmente no dia 04 de Novembro é comemorado o Dia da Favela. Instituída no município do Rio de Janeiro pela Lei Ordinária 4383/06, a data é marcada pela primeira aparição do termo em um documento público no ano de 1900. Naquela época o termo empregado por Enéas Galvão, então delegado da 10ª Circunscrição e Chefe da Polícia do Rio de Janeiro, remetia ao morro da Providência e conotava-se erroneamente como um lugar sujo e de gente imoral. O termo em específico contempla a planta Cnidoscolus quercifolius, com semente muito semelhante às sementes de fava (por isso favela, faveleira) e endêmica da fitogeografia da Caatinga. Ganhou destaque após o episódio da Guerra de Canudos (1896-1897), principalmente após o retorno dos combatentes sem soldo à então capital Rio de Janeiro que, sem condições de se estabelecerem, começam a ocupar onde atualmente localizam-se o Morro da Providência e o Morro de Santo Antônio.


Apesar das negligências e preconceitos que persistem em cercar o termo, o campo social muito tem a aprender com a favela, tanto na perspectiva da espécie da família botânica Euphorbiaceae, quanto nas noções da consciência coletiva da sociedade. Esse vegetal utilizado na medicina popular nordestina para tratamentos de processos inflamatórios, dores, infecções e cicatrizações, pode, através desse olhar fitoterápico, elaborar pontes de diálogo para cura dos prejulgamentos e rótulos negativos que cercam a palavra no âmbito cultural.
Como lembrado por Nega Gizzer, rapper, produtora de eventos em favelas e fundadora da CUFA (Central Única das Favelas):
“A gente não deve comemorar a existência das favelas, mas deve sim celebrar as mais diversas manifestações culturais, artísticas, sociais, de honestidade, de solidariedade, que existem e são marca das pessoas que vivem nesse lugar. Isso sim precisa ser celebrado e festejado. A ideia é comemorar a resiliência, a força, a autenticidade, e a agenda positiva tão presente nesses territórios”.
Objetiva-se assim no âmbito da Atenção Primária em Saúde (APS) um trabalho conjunto entre as autoridades, instituições e as populações dessas regiões, para construção do estado de completo bem-estar físico, mental e social.
A equipe da Estação OTICS-Rio Rocinha aproveita a oportunidade, então, para disponibilizar alguns repositórios que não apenas destacam os moradores e moradoras desses locais como protagonistas ao valorizar suas histórias, mas também fornecem as bases de dados para a elaboração de uma saúde cada vez mais integrada e participativa:
Favela Inova (JUV-Rio e Pólen)
Centro Internacional de Estudos e Pesquisas Sobre a Infância (CIESPI)
Departamento de Mecidina Integral Familiar e Comunitária (DMIFC-UERJ)
DATARIO (Instituto Pereira Passos – IPP)
Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC)
Especificamente sobre o bairro da Rocinha:
Memória Rocinha
Museu da Rocinha (Museu Sankofa)
CIESPI
Fontes:
Agência Brasil
CUFA
Porto, Marcelo Firpo de Souza et al. Saúde e ambiente na favela: reflexões para uma promoção emancipatória da saúde. Serviço Social & Sociedade [online]. 2015, v. 00, n. 123 [Acessado 5 Novembro 2021] , pp. 523-543. Disponível em:<https://doi.org/10.1590/0101-6628.035>. ISSN 2317-6318.
Novaes, Thiago Emanuel Rodrigues et al. “Potenciais Medicinais Da Faveleira (Cnidoscolus Quercifolius) E Seus Usos Na Saúde Humana: Uma Breve Revisão.” Research, Society and Development 10, no. 2 (2021). [Acessado 5 Novembro 2021]. Disponível em: <https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/12845>.
MORAIS, N.R.L. et al. Prospecção fitoquímica e avaliação do potencial antioxidante de Cnidoscolus phyllacanthus (müll. Arg.) Pax & k.hoffm. Oriundo de apodi – RN. Revista Brasileira de Plantas Medicinais [online]. 2016, v. 18, n. 1 [Acessado 5 Novembro 2021] , pp. 180-185. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1983-084X/15_058>. ISSN 1983-084X.